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Bem vindo ao site de TERRAPRAXIS!
Aqui poderá ficar a conhecer um pouco mais acerca do que é a Arquitectura e Construção com Terra. Mas também, e principalmente, poderá encontrar a ajuda que precisa para iniciar, desenvolver e pôr em prática as suas ideias, os seus projectos e as suas obras, nos quais esteja presente ou se pretenda utilizar a terra como material de construção, nomeadamente sob a forma de TAIPA ou de BTC (Blocos de Terra Comprimida).
Para tal, disponibilizamos um conjunto de serviços técnicos específicos, seja no âmbito da Construção Nova, da Reabilitação ou da Intervenção no Património. Levamos até aos nossos clientes conhecimento técnico, tecnológico e experiência prática, acumulados ao longo de mais de 20 anos.
Contacte-nos, e ficará a saber como podemos ajudar.
A CONSTRUÇÃO COM TERRA…
| aquilo com que trabalhamos |



CRAterre, 2009. La roue des techniques. In. ANGER, Romain ; FONTAINE, Laetitia, 2009. Bâtir en terre : du grain de sable à l’architecture. Paris : Belin, Cité des sciences et de l’industrie. p. 26. ISBN 978-2-7011-5204-2. D’après HOUBEN, Hugo, GUILLAUD, Hubert, Traité de construction en terre. Marseille : Éditions Parenthèses. p.102. ISBN 978-2863641613.
Terra e Construção com terra
A terra é, a seguir à água, seguramente o material mais comum à superfície do nosso planeta. Elaborada pela Natureza, ela é utilizada pelo ser humano para os mais diversos fins, entre os quais como material de construção.
Na sua génese, para construir os espaços habitáveis, ou simplesmente utilitários, a terra terá sido aproveitada de uma forma quase que inata. O material, por si mesmo, permitia dar resposta a uma necessidade e, como tal, sería empregue para esse fim. Portanto, é bastante lógico que o ser humano, que sempre dependeu e utilizou os materiais locais imediatamente disponíveis, utilizásse também a terra para construir. Com este material foi conformando o seu habitat e despertando uma inteligência construtiva muito bem sucedida. Simples abrigos, estruturas defensivas, complexos religiosos, casas, palácios, aldeias e cidades inteiras foram sendo construidas com a terra disponível em cada local e de acordo com o contexto cultural de cada grupo social que a ela recorreu.
Mas, afinal, o que é que faz a terra ser um material utilizável para construir? As terras, os solos, são compostas por um conjunto de partículas de diferentes tamanhos, que proveem da desagregação e da alteração das rochas. As suas estruturas e as suas consistências dependem, em grande parte, das fracções respectivas dos diferentes tamanhos das partículas que os constituem. As partículas mais grossas são 100.000 vezes maiores do que as mais pequenas e, por isso, a terra é, à partida, um excelente material de construção. Simplesmente com a humidade natural ou com a adição de mais ou menos água, os diferentes tipos de solos foram sendo trabalhados, de diversas maneiras, resultando isto em diferentes métodos construtivos.
A terra, em si mesma, pode ser considerada como um betão natural. À semelhança do betão convencional que actualmente conhecemos, constituido por areia e cimento (agregados e ligante), a terra também tem os agregados (as areias) e o ligante (a argila). As mais recentes investigações realizadas sobre a física da matéria granular constituinte dos solos e sobre a sua coesão, permitem-nos hoje em dia entender também a complexa relação entre a terra e a água, e concluir que estes dois elementos são indissociáveis para permitir a construção com terra. A água desempenha um papel essencial na capacidade da terra para poder ser considerada um material de construção, pois fortalece a sua coesão, aumentando a interação entre as partículas de argila.
Uma das grandes diferenças relativamente aos outros materiais é que a terra não necessita de grande consumo de energia para ser utilizada como material de construção, ao contrário do cimento e do tijolo cerâmico que precisam de ser sujeitos a uma cozedura em fornos a altas temperaturas, para poderem ser utilizados com aquela finalidade. É por isto que, em certas situações, também nos referimos à construção com terra como sendo um tipo de construção com terra crua, por oposição à terra cozida que é o caso dos tradicionais tijolos.
Assim, designa-se por arquitectura de terra às construções que utilizam a terra crua, solo, no seu estado natural, como elemento principal, nas suas diversas possibilidades.
(para mais informação sobre este assunto, consultar a coleção “Cadernos de Construção com Terra”, da Editora Argumentum)
Métodos de Construção com terra
No leque das possibilidades construtivas do material terra existem numerosos métodos de construção, com uma infinidade de variantes, por um lado adaptadas às características de cada tipo de terra e, por outro, reflectindo a identidade de cada uma das zonas geográficas em que se situam e das culturas dos povos que as desenvolveram.
Hoje em dia encontram-se perfeitamente identificados doze métodos principais, fundamentalmente diferentes, de uso da terra para construção, que foram organizados (pelo grupo francês CRATerre) segundo três grandes grupos de sistemas construtivos:
– Sistema monolítico (estrutura maciça de terra)
– Sistema de alvenaria (estrutura formada por um conjunto de blocos de terra)
– Sistema misto (estrutura, de outro material, com preenchimento de terra)
Entre tradicionais e modernos, cada um dos três grupos inclui vários métodos, alguns deles com pequenas variantes. Contudo, considerando ainda as variantes regionais, as técnicas de construção com terra podem chegar à centena. Este leque de possibilidades construtivas deriva, também, dos diferentes estados hídricos possíveis no material terra para sua aplicação em obra: seco, húmido, plástico, viscoso ou até líquido.
O espaço construido a utilizar pode, então, ser obtido pelos seguintes métodos (ver gráfico CRAterre): 1 – Terra escavada; 2 – Terra em cobertura; 3 – Terra em enchimento; 4 – Terra talhada;. 5 – Terra comprimida; 6 -Terra modelada; 7 – Terra empilhada; 8 – Terra moldada; 9 – Terra extrudida; 10 – Terra em recobrimento; 11 – Terra vertida; 12 – Terra-palha.
As técnicas de construção com terra apresentam uma grande flexibilidade de aplicação e permitem executar uma grande diversidade de sistemas e elementos construtivos, entre os quais se encontram: fundações, embasamentos, paredes e pilares, vãos, pavimentos, revestimentos, coberturas, arcos, abóbadas e cúpulas, elementos de isolamento, escadas, chaminés, fornos, mobiliário integrado e elementos de climatização.
Mas estes não são os únicos elementos que podem ser construídos com terra. Existem numerosas aplicações que não pertencem exclusivamente ao domínio da construção para habitação, tais como caminhos, canais e barragens, pontes e aquedutos, parques de estacionamento automóvel, pistas de aviação, estradas, represas, entre muitas outras.
As possibilidades de uso da terra como material de construção são realmente numerosas. Os doze métodos construtivos atrás referidos, bem como as várias técnicas deles decorrentes, não esgotam nem contemplam todas as técnicas de construção com terra crua que têm vindo a ser identificadas por todo o mundo. Esses doze métodos são os que foram identificados e definidos como os métodos de construção com terra fundamentalmente diferenciáveis.
(para mais informação sobre este assunto, consultar a coleção “Cadernos de Construção com Terra”, da Editora Argumentum)
Arquitectura e Construção com terra no séc. XXI
Assistimos, nos inícios deste século XXI, à configuração de um panorama de crescente interesse técnico e científico sobre os sistemas de construção com terra. Este renovado interesse nasce, por um lado, da necessidade de conhecer, conservar e restaurar o património arquitectónico (seja ele monumental ou popular) e, por outro, da possibilidade de investigar e desenvolver novas técnicas que contribuam para dar um valor adicional à arquitectura contemporânea. Esse valor acrescido, conferido pelas características específicas das técnicas e sistemas de construção com terra crua, gira também em torno das suas possibilidades no âmbito dos sistemas de aproveitamento e de eficiência energética, da protecção do meio-ambiente e do desenvolvimento sustentável. Certamente estes factores contribuem de igual modo para explicar o actual aumento da procura deste tipo de arquitectura bioclimática que se verifica por toda a Europa e, de um modo geral, na maioria dos países de todos os continentes.
Fruto das numerosas experiências e realizações que desde meados do séc. XX têm sido levadas a cabo, e cuja documentação vai estando disponível para novas análises e novos estudos, ressaltam uma série de importantes características que nos conduzem à reflexão sobre a imperiosidade de um ressurgimento generalizado da arquitectura e construção com terra, não só no plano imediato das preocupações sociais ou das disponibilidades económicas, mas também como resposta a alguns dos problemas e questões da sociedade urbana moderna, tais como a reciclagem, a eficiência energética e o equilíbrio ecológico.
A utilização da terra como material de construção reaparece agora em perfeita sintonia com a recente ambição de reduzir, também no sector da edificação, o consumo energético e as emissões de CO2 para a atmosfera. O estímulo para um desenvolvimento nesse sentido tem sido o desejo de reduzir o impacto ambiental da construção e a procura de métodos construtivos mais sustentáveis. Note-se, ainda, que o uso da terra crua na construção se enquadra nos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, da Agenda 2030 da Organização da Nações Unidas.
Especialistas referem ainda a importância deste tipo de abordagem na arquitectura como meio para se atingir uma vida mais saudável e em harmonia com o ambiente, devido à utilização de materiais naturais, livres de químicos tóxicos e elementos nocivos, muitas vezes presentes em materiais de construção altamente processados, extrapolando assim as questões técnicas e mensuráveis.
Todos estes aspectos aqui referidos não são, de maneira nenhuma, condicionadores de um desenho arquitectónico com uma imagem tradicional. Antes pelo contrário, a grande evolução que tem vindo a ter nos últimos 50 anos o conhecimento técnico-científico e tecnológico sobre a matéria terra, sobre os materiais de construção com ela produzidos e sobre os respectivos sistemas construtivos, abre novas possibilidades de imagem de contemporaneidade aos novos edifícios a construir com terra, sob qualquer uma das suas formas. Podemos mesmo afirmar que no século XXI existe uma Nova Arquitectura de Terra.
Vantagens da Construção com terra
A construção com terra apresenta inúmeras características vantajosas, que conformam um conjunto de valores acrescentados à arquitectura actual. De entre elas, destacam-se algumas das mais significativas:
– Contribuição para a sustentabilidade da construção, devido ao facto de a terra ser um material natural e poder prescindir de aditivos processados industrialmente para se tornar num material de construção. Também, devido ao facto da terra crua ter um carácter reciclável, em muitos casos a 100%. Esta característica, constatável pela Análise do Ciclo de Vida do material, faz com que as construções com terra, quando devidamente desenhadas, gerem apenas uma quantidade ínfima de RCDs (resíduos de construção e demolição). E, caso seja atingido o fim de vida útil de um edifício construido com terra e ele venha a ser demolido, a terra proveniente da sua demolição pode ser devolvida á natureza ou pode ser reutilizada para voltar a construir um novo edifício.
– Contribuição para a saúde e desempenho do edifício e dos seus ocupantes, dada pela higroscopicidade do material, pois a argila tem a capacidade de libertar ou absorver a humidade do ar, em resposta às variações das condições atmosféricas. Esta propriedade das paredes de terra também reduz as tensões na estrutura do edifício e, ao mesmo tempo, renova e melhora a qualidade do ar interior, o que também reduz significativamente a possibilidade de surgimento de doenças respiratórias. Quando a terra é compactada (como é o caso, por exemplo, da Taipa e dos BTC) ela pode tornar-se num material bastante denso e com uma considerável massa térmica o que, em conjugação com um desenho arquitectónico apropriado, pode contribuir para um desempenho ambiental passivo do edifício.
– Baixo custo económico e energético, quer na fase de produção do material ou da construção (reduzida energia incorporada), quer em fase de uso da edificação. A produção de materiais de construção a partir da matéria-prima terra não exige uma tipologia de produção fabril/ industrial com alto consumo de energia. Também, a produção de uma construção com terra não exige meios tecnológicos mais dispendiosos do que qualquer outro tipo de construção convencional… antes pelo contrário, ela pode ser significativamente mais económica. Por outro lado, a capacidade que as construções com terra têm de absorver e de eradiar o calor, pode ser usada para regularizar as variações de temperatura no interior, quase sem necessidade de outras fontes de calor ou de frio, o que, em fase de uso do edifício, se pode traduzir num baixo custo económico de climatização.
Trata-se, assim, de uma possibilidade construtiva excelente, pois a terra crua além de ser um material de construção saudável, ecoeficiente e mais sustentável do que a maioria dos materiais de construção hoje em dia utilizados pode, ainda, adaptar-se aos factores bioclimáticos regionais, sempre que tiver um adequado desenho arquitectónico.
… NA PRÁTICA!
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